EUA Recuam e Querem que África Assuma o Comando da sua Segurança



EUA querem que África assuma maior protagonismo na sua segurança

Com uma mudança estratégica em curso na administração Trump, os Estados Unidos apelam aos países africanos para que assumam maior responsabilidade pela sua segurança, num momento em que Washington revê a sua presença militar no continente.

Michael Langley, comandante do AFRICOM – o Comando Militar dos EUA em África – sublinhou recentemente que os Estados Unidos pretendem ver os Estados africanos liderarem as suas próprias iniciativas de defesa. Essa posição surge numa fase em que o foco do governo norte-americano se volta para as prioridades internas, incluindo a redução da presença militar em territórios estrangeiros.

África: continente estratégico

África desempenha um papel crucial no xadrez global, quer para os EUA, quer para a Europa. A sua população jovem e em rápido crescimento, aliada a vastas reservas minerais estratégicas como urânio, tornam o continente vital para a estabilidade global. O analista Adib Saani lembra que o envolvimento das grandes potências com África não é apenas humanitário, mas também motivado pelo interesse direto na segurança de cadeias de abastecimento e mercados emergentes.

Com 11 das 20 economias de crescimento mais rápido em 2024, África é cada vez mais relevante na geopolítica internacional. No entanto, a retirada parcial dos EUA poderá fragilizar os esforços de combate ao extremismo, alerta Saani.

Mudança no paradigma de segurança

Tradicionalmente, os EUA têm apoiado os países africanos em missões de combate ao extremismo, especialmente na África Ocidental e Oriental, oferecendo treino, logística e informação estratégica. Através da USAID, Washington também financiou projetos sociais de impacto significativo.

Agora, a orientação do AFRICOM é clara: os países africanos devem partilhar mais os encargos. Langley frisou a importância de desenvolver capacidades locais para que estes consigam conduzir operações autónomas, diminuindo a dependência das tropas americanas.

Riscos de um vazio de poder

Para os especialistas, esta retração dos EUA pode abrir espaço para o fortalecimento de grupos extremistas. "A falta de apoio de uma potência global poderá enfraquecer a moral das tropas locais e comprometer os avanços obtidos", alerta Saani. Além disso, os custos operacionais podem tornar-se insustentáveis para vários Estados africanos.

Atualmente, cerca de 6.500 militares norte-americanos estão destacados no continente africano. O AFRICOM tem sido responsável por centenas de milhões de dólares em assistência na área da segurança.

Novos parceiros no horizonte?

Com a retração dos EUA, países africanos podem procurar alternativas. A China tem intensificado o seu envolvimento militar, oferecendo formação a forças africanas. Por outro lado, a Rússia, por via de grupos paramilitares, tem se posicionado como ator-chave da segurança em várias zonas de conflito.

Diante deste cenário, África vê-se numa encruzilhada: assumir o protagonismo da sua segurança ou enfrentar o risco de nova instabilidade – num jogo geopolítico onde nenhum vazio fica por muito tempo.

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