A Magia em África: Especialistas afirmam que a religião africana é baseada na prática de feitiçaria e magia


Cidade do Cabo, 23 de Outubro de 2025 – A magia em África, longe de ser um fenômeno marginal ou apenas folclórico, faz parte de uma profunda tapeçaria cultural e espiritual que atravessa séculos, civilizações e práticas tradicionais. Esta notícia explora como os saberes mágicos se entrelaçam com o quotidiano, o poder social e a história dos muitos povos do continente africano.

As raízes antigas

Desde muito cedo, várias sociedades africanas associaram forças invisíveis — espíritos, ancestrais, energias naturais — à vida comunitária. Por exemplo, a peça conhecida como Nkondi, produzida pelo povo Kongo da actual República Democrática do Congo, é uma estatueta na qual um espírito era “habitado” para “caçar” inimigos ou bruxarias, sendo perfurada com pregos como parte do ritual.  Outro exemplo: pergaminhos talismânicos da Etiópia, usados desde o século X, que combinam tradições cristãs, islâmicas e xamânicas para proteger, curar ou influenciar o exterior. 

Símbolos e objectos de poder

Práticas de magia e encantamento muitas vezes usam objectos — amuletos, sacos de feitiço, talismãs. O caso do gris‑gris, originário do oeste africano (como nas comunidades mande) e depois transportado, via diáspora africana, para as Américas, ilustra esta circulação simbólica: bolsos ou sacos inscritos com versículos ou símbolos que visam proteger ou trazer sorte.  Tais objetos revelam como o “magical” em África não é apenas acto teatral, mas é tecido na vida social: cura, protecção, justiça ou vingança.

Magia, poder e política

A magia em África não existe apenas no âmbito privado ou espiritual — entra no domínio público, político e social. Um estudo recente sobre “magia negra e política em África” mostra como crenças sobre feitiços, bruxarias ou poderes ocultos podem influenciar a governação, a autoridade, o controle social e as relações de poder.  Em muitos casos, acusar alguém de bruxaria ou usar “magia” como arma simbólica tornou-se ferramenta de exclusão, acusação ou de legitimação de poderes.

O impacto da modernidade e do direito

Com o advento da modernidade e da colonização, as práticas mágicas africanas foram vistas sob novas lentes — tanto como “superstição” a ser suprimida como património cultural a ser estudado. Um exemplo legal é o Witchcraft Suppression Act 1957 da África do Sul, que criminalizou pretensas práticas de bruxaria sob um regime colonial e pós-colonial.  A tensão entre tradição e lei formal ainda marca o quadro contemporâneo social e jurídico em várias regiões.

Porque a magia importa hoje

Além do valor histórico e antropológico, a magia em África fala de identidade, continuidade cultural e resistência. Em sociedades em mudança, onde antigas e novas visões do mundo se confrontam, práticas mágicas tradicionais mantêm-se vivas como formas de compreensão do mundo, cura de feridas sociais e expressão espiritual comunitária. A magia, portanto, é tanto história como presente.

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