Entre Conflitos e Protestos: A Frelimo no Olho do Furacão Político e Social
Frelimo Enfrenta Nova Crise: Responsabilidade de Nyusi e o Passado de Conflitos Internos
A atual crise política e social em Moçambique, marcada por manifestações contra os resultados eleitorais e o alto custo de vida, destaca uma grande tensão interna no partido FRELIMO. Parte da sociedade responsabiliza a liderança de Filipe Jacinto Nyusi pela situação, considerando-a a causa das insatisfações populares. O partido, com quase 60 anos de história, tem enfrentado crises internas e externas ao longo de sua trajetória, algumas autoinfligidas e outras provenientes de fatores externos.
Nos últimos dez anos (2015-2024), Filipe Nyusi e outros membros da liderança, como Roque Silva, são apontados por muitos como responsáveis pela grave crise interna que afeta a FRELIMO. Muitos acreditam que a contestação ao partido é um reflexo da má gestão política e econômica, que gerou retrocessos no país. Alguns, inclusive, comparam a atual gestão com as lideranças anteriores de Samora Machel e Joaquim Chissano, afirmando que o partido era diferente em tempos passados. No entanto, ao longo da história da FRELIMO, as crises têm sido uma constante, independentemente das lideranças que o partido teve.
Internamente, a FRELIMO remonta suas crises ao assassinato de Eduardo Mondlane, em 1969, que marcou o início de uma série de problemas internos. A crise foi alimentada por disputas internas dentro da organização, entre membros com ambições políticas e econômicas, o que culminou no assassinato do líder e em uma luta pelo poder. A FRELIMO, então dirigida provisoriamente por Samora Machel e outros, passou a lidar com profundas divisões internas, incluindo a expulsão de Uria Simango, acusado de traição, e a morte de outros membros considerados "reaccionários".
Ao longo dos anos, o partido teve de enfrentar episódios de distúrbios populares que geraram confrontos violentos, como aconteceu em 1974, logo após os Acordos de Lusaka, que marcaram o início da transição para a independência. Na época, manifestações contra a FRELIMO e sua política de transição para a independência resultaram em atos violentos e vandalismo. Semelhante aos acontecimentos de 2024/2025, a FRELIMO teve que lidar com essas tensões, utilizando a força das Forças Armadas Portuguesas para restabelecer a ordem e garantir a transição para a independência.
A história da FRELIMO é marcada pela sua resiliência, mesmo diante das crises internas e externas. Apesar das dificuldades enfrentadas, o partido sempre se manteve no poder, o que pode explicar a relutância da atual liderança em dialogar com opositores, como Venâncio Mondlane. A trajetória do partido reflete a luta contínua para se manter unido e forte, mesmo diante das adversidades e das críticas crescentes.
