Venâncio Mondlane Ativa Três Dias de Paralisação e Manifestações Pacíficas
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O candidato presidencial Venâncio Mondlane anunciou hoje uma convocação para três dias de paralisação em Moçambique a partir de segunda-feira, acompanhada de "manifestações pacíficas" durante a cerimônia de posse dos deputados ao parlamento e do novo Presidente da República, como forma de contestação ao processo eleitoral.
"Chegou a hora de vocês demonstrarem a vossa própria iniciativa", declarou Mondlane numa transmissão ao vivo, no início da noite, através da sua conta oficial no Facebook. A declaração faz referência às cerimônias marcadas para segunda-feira, quando os 250 deputados assumirão os seus cargos, e para quarta-feira, data da posse do novo Chefe de Estado.
"Estes três dias são cruciais para a nossa vida. Temos de demonstrar que o povo é que manda. Manifestações pacíficas. É suficiente, contra os traidores do povo na segunda-feira e contra os ladrões do povo na quarta-feira", afirmou Mondlane.
O candidato reforçou o pedido por manifestações pacíficas, alertando contra atos de violência, saques ou destruição de propriedades, e desafiou os cidadãos a exibirem nas ruas imagens do candidato em quem votaram.
"Temos de dar um sinal de que o povo é que manda e o povo é que está no poder", afirmou Mondlane, criticando os partidos cujos deputados tomarão posse, incluindo o Podemos, que apoiou a sua candidatura e passou de extraparlamentar a maior partido da oposição. Ele acusou estas forças políticas de "negociar votos" e realizar um "leilão com a vontade do povo".
"Não vejo partidos políticos preocupados com as mortes (...) A verdade eleitoral já todos esqueceram", lamentou.
Desde 21 de outubro, manifestações pós-eleitorais no país têm resultado em confrontos violentos, saques e destruição de propriedades públicas, com um saldo de cerca de 300 mortos e mais de 600 pessoas baleadas.
Na última quinta-feira, após o retorno de Mondlane a Maputo, a polícia dispersou uma multidão que o aguardava em um bairro da capital, usando gás lacrimogêneo e munições reais, resultando em três mortes.
Hoje, o candidato denunciou que uma equipe que preparava sua chegada ao mercado de Xipamanine foi alvo de disparos por homens armados à paisana. Ele mostrou cápsulas de munição como prova e criticou a falta de justificativa ou mandado judicial para a ação.
"Não é somente o roubo de votos que aconteceu. É um problema de direitos humanos", concluiu Mondlane.
