RENAMO anuncia boicote à tomada de posse dos seus deputados e contesta resultados eleitorais

O maior partido da oposição em Moçambique, a RENAMO, anunciou que seus deputados eleitos não participarão da cerimônia de posse marcada para esta segunda-feira, em Maputo, considerando o evento desprovido de legitimidade. O partido apela ao uso de meios pacíficos para restabelecer a verdade eleitoral, reafirmando sua rejeição aos resultados das eleições gerais de outubro.

"O partido entende que a cerimônia não tem qualquer valor solene e representa um desrespeito à vontade popular. Por isso, não participaremos", declarou Marcial Macome, porta-voz da RENAMO, após uma reunião da comissão política nacional na capital moçambicana.

A posse dos 250 deputados eleitos para a nova legislatura, incluindo 28 da RENAMO, acontecerá às 10 horas locais, sob a direção do Presidente cessante, Filipe Nyusi. A RENAMO critica o processo eleitoral, afirmando que ele não foi livre nem transparente, e pede a repetição do pleito.

Rejeição aos resultados eleitorais

Macome reforçou que o partido não reconhece a proclamação feita pelo Conselho Constitucional e lamentou as consequências das tensões eleitorais, que resultaram em quase 300 mortos e mais de 600 feridos. "A RENAMO solidariza-se com as famílias das vítimas e exorta os moçambicanos a usarem meios pacíficos para exigir justiça", concluiu.

Além de boicotar a posse parlamentar, a RENAMO também não participará na cerimônia de investidura do novo Presidente, Daniel Chapo, marcada para quarta-feira.

Mondlane convoca protestos pacíficos

O candidato presidencial Venâncio Mondlane pediu três dias de paralisação e manifestações pacíficas contra a posse dos novos líderes. Em uma transmissão ao vivo no Facebook, ele apelou à mobilização popular. "Chegou a hora de mostrar que o poder pertence ao povo", declarou.

Mondlane, que retornou ao país após dois meses e meio fora por questões de segurança, não reconhece a vitória da FRELIMO nas eleições. O partido governista assegurou maioria parlamentar e venceu em todas as províncias, segundo os resultados oficiais divulgados em dezembro.

Com 171 assentos, a FRELIMO manteve sua maioria absoluta, enquanto o estreante Podemos conquistou 43 lugares, ultrapassando a RENAMO como principal partido da oposição. O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) garantiu oito assentos no novo parlamento.