Será Mondlane a solução?

O retorno de Venâncio Mondlane ao cenário político moçambicano reacendeu discussões sobre a crise de credibilidade democrática no país. Um grupo de líderes políticos e membros da diáspora moçambicana apelou ao presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, para mediar um processo de diálogo inclusivo, visando a reconciliação e a estabilidade política em Moçambique.

A carta enviada na segunda-feira (06.01) destaca a necessidade de um papel ativo de Portugal como mediador. Paulo de Morais, ex-candidato presidencial português e signatário do documento, sugere a criação de um grupo político que garanta a credibilidade do processo democrático moçambicano. "É fundamental preparar um ato eleitoral futuro em que os cidadãos realmente confiem. Democracia exige respeito à vontade popular", afirmou.

Os subscritores também destacam a importância de proteger Mondlane, considerado uma figura-chave para o equilíbrio político. "Retomar a confiança nas instituições democráticas é essencial, pois atualmente poucos acreditam nos resultados eleitorais", acrescentou Paulo de Morais.

A iniciativa liderada por Morais e pelo jornalista angolano William Tonet conta com o apoio de personalidades como Ana Gomes, Fernando Nobre e João Soares. O jornalista José Mussuaili elogiou o esforço e ressaltou a influência de Marcelo Rebelo de Sousa em Moçambique, defendendo uma intervenção mais proativa do presidente português.

Para Enoque João, presidente da Casa de Moçambique, o regresso de Mondlane pode impulsionar o diálogo, mas a solução exige negociações amplas e inclusivas. "O Estado está degradado. Só com entendimento entre todas as partes podemos garantir estabilidade", argumentou.

O atual impasse político, agravado pelas disputas sobre os resultados das eleições de outubro, evidencia a necessidade urgente de mediação internacional e soluções que respeitem a vontade popular, seja por meio de novas eleições ou de consenso sobre a liderança legítima do país.