Candidato Venâncio Mondlane regressa a Moçambique e declara-se presidente eleito pelo povo

Candidato Venâncio Mondlane regressa a Moçambique e declara-se presidente eleito pelo povo


Após três meses fora do país, Venâncio Mondlane, candidato presidencial, desembarcou nesta quinta-feira no Aeroporto Internacional de Maputo, marcando um dos acontecimentos políticos mais significativos do momento. Em suas declarações, Mondlane destacou três motivos principais para o seu regresso:

"O primeiro é desmentir a narrativa de que estive ausente. Estou presente para dialogar e negociar, não há mais espaço para essa alegação", afirmou o político, desafiando diretamente as acusações de fuga.

Mondlane também denunciou a repressão violenta que, segundo ele, ocorre em Moçambique. "O regime optou por um genocídio silencioso. Pessoas estão a ser sequestradas e executadas nas matas, e valas comuns foram encontradas com simpatizantes meus. Não posso estar seguro enquanto o povo que me apoia é massacrado", declarou.

Por fim, o candidato manifestou-se sobre as acusações judiciais que enfrenta: "Estou aqui para enfrentar a justiça e provar quem são os verdadeiros responsáveis pelos crimes cometidos até agora."

Em tom enfático, Mondlane autoproclamou-se presidente eleito pelo povo moçambicano: "Juro pela minha honra servir a pátria e aos cidadãos como o presidente escolhido pelo povo, não pelo Conselho Constitucional ou a CNE."

Tensão no aeroporto e cenário de repressão
O retorno de Mondlane foi acompanhado por uma forte presença policial. As vias de acesso ao aeroporto foram bloqueadas, e o transporte de passageiros ocorreu sob rígido controle. Disparos foram ouvidos nas proximidades, e apenas pessoas com passagem aérea comprovada puderam entrar nas instalações. Grupos de apoiadores enfrentaram chuva intensa para recepcionar o candidato.

Nova fase de contestação: "Ponta de Lança"
Mondlane anunciou uma nova estratégia de resistência ao que considera um processo eleitoral fraudulento. Ele não reconhece a vitória de Daniel Chapo, candidato da FRELIMO, que foi declarado vencedor com 65,17% dos votos. "Se quiserem me prender, prendam. Se quiserem me matar, façam-no. Mas saibam que a resposta popular será histórica", alertou Mondlane.

Desde o início dos protestos pós-eleitorais, confrontos violentos entre manifestantes e a polícia já causaram centenas de mortos e feridos. O Ministério Público acusa Mondlane de incitar os distúrbios, mas ele rejeita as alegações e mantém-se firme no discurso de liderança popular.

O retorno do candidato intensifica o clima político no país, poucos dias antes da posse oficial do novo presidente, marcada para 15 de janeiro.
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