Explosão Partidária: Angola Pode Ter Eleições com Recorde de Candidatos

 


Angola assiste a explosão de novos partidos a dois anos das eleições: Renovação ou oportunismo?

Com as eleições gerais previstas para 2027, Angola vive um crescimento expressivo no número de partidos políticos legalizados. Para alguns, este fenómeno representa um novo sopro de esperança democrática. Para outros, trata-se apenas de estratégias pessoais com fins económicos e eleitorais.

Nos últimos meses, surgiram várias novas formações políticas no país, como o Partido Ordeiro de Projeção Inclusiva de Angola (POPIA), o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido da Solução (PS), o Partido Novo-Nova Voz e a Aliança Nacional de Angola (ANANGOLA). Já em outubro do ano passado, foi legalizado o PRA-JA Servir Angola, após um longo processo judicial.

O que motiva tantas criações partidárias?

Segundo Hélder Chiuto, jurista e líder do Partido da Solução (PS), a criação do seu partido nasce da necessidade de promover a inclusão e defender os mais desfavorecidos. Chiuto sublinha que o projeto está ancorado numa visão de unidade nacional e numa governação participativa com orientação centro-esquerda. Ele foi cabeça de lista da coligação CASA-CE nas eleições de 2022.

Por sua vez, João Sassando, à frente do Partido Novo-Nova Voz, afirma que a sua motivação é oferecer uma política baseada em ideias e não em pessoas ou confrontos. Para ele, depois de meio século de independência, é hora de mudar o paradigma político angolano.

Um padrão repetido em vésperas eleitorais

A proliferação de partidos políticos em Angola é um fenómeno habitual em períodos pré-eleitorais. Entretanto, o politólogo Celestino Lumbangululu adverte que o aumento do número de partidos não significa, automaticamente, mais democracia.

De acordo com ele, muitos dos partidos criados têm motivações centradas em interesses pessoais e económicos. “A política transformou-se, para alguns, num negócio lucrativo”, afirmou. Ainda assim, tanto Chiuto como Sassando rejeitam essa ideia no que diz respeito aos seus projetos, defendendo que estão comprometidos com causas nacionais e a juventude angolana.

Aumento no número de concorrentes em 2027?

Desde o início do multipartidarismo em 1992, Angola nunca teve tantos partidos a disputar uma eleição. Caso o Tribunal Constitucional aprove os pedidos de legalização que ainda estão pendentes, o número de concorrentes pode ultrapassar os 15 em 2027.

Apesar do aparente dinamismo político, Lumbangululu destaca que a verdadeira consolidação democrática exige partidos que proponham soluções concretas para os desafios do país, como a pobreza e a exclusão social. Para ele, o foco deve ser a melhoria da qualidade de vida dos angolanos, e não a perpetuação de elites no poder.

Next Post Previous Post
No Comment
Add Comment
comment url
sr7themes.eu.org