Dois meses após os protestos, a população de Corrane continua sem autoridades e exposta à criminalidade

Nampula – Dois meses após as manifestações que resultaram na destruição das infraestruturas públicas, os moradores de Corrane, no distrito de Meconta, continuam sem assistência governamental e vivem sob um clima de insegurança e abandono.

Dois meses após os protestos, a população de Corrane continua sem autoridades e exposta à criminalidade

Desde que apoiantes de Venâncio Mondlane foram acusados ​​de depredar edifícios públicos, cerca de 80 mil habitantes enfrentam a ausência de autoridades locais, o que tem contribuído para o aumento da criminalidade na região.

Rosa Assane, residente há quase uma década no posto administrativo, lamenta a situação. “Estamos sem liderança desde 23 de dezembro. A residência do chefe do posto foi incendiada, assim como a da polícia, e agora não temos nem um agente de segurança. Vivemos à nossa própria sorte, com roubos e violência constantes”, relatou.

Diante dessa realidade, Rosa apela ao retorno das autoridades para restaurar a ordem. Albertino Malieque, outro morador, reforça a preocupação, afirmando que os prédios vandalizados agora servem de abrigo para criminosos. “Sem chefes, há quem se aproveite da situação. Às vezes, até crianças estão envolvidas nesses atos, ou que nos entristecem profundamente.”

Autoridades regularizam crises e pedem reforço de segurança

O chefe do posto administrativo de Corrane, Júlio da Costa, admite que a população está desamparada. “As pessoas vivem sem nenhuma autoridade e pedem, urgentemente, a medida de segurança. Atualmente, cada um resolve os problemas da sua maneira”, afirmou.

A falta de policiamento tem levado à justiça pelas próprias mãos. “Três pessoas foram espancadas até a morte recentemente, acusadas de feitiçaria. Sem a presença da polícia, a população toma medidas extremas para lidar com conflitos”, revelou.

Atualmente, as atividades administrativas acontecem ao ar livre, debaixo de uma árvore, ao lado do prédio destruído. Sem escritório e sem residência oficial, Júlio da Costa tem dormitório em casas de moradores solidários. “Não temos nada, nem sequer uma bandeira apressada. O trabalho é feito de forma improvisada”, lamentou.

Enquanto a normalidade não é restabelecida, os habitantes de Corrane enfrentam dificuldades, sem garantia de segurança ou apoio governamental.
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