Venâncio Mondlane não se opõe à tomada de posse dos deputados do PODEMOS, mas alerta para riscos de traição
Venâncio Mondlane não se opõe à tomada de posse dos deputados.
O presidente do PODEMOS, Albino Forquilha, anunciou que os deputados do partido tomarão posse na Assembleia da República no próximo dia 13 de janeiro de 2025. No entanto, Venâncio Mondlane, que foi apoiado pelo PODEMOS como candidato presidencial, alerta que essa decisão pode ser interpretada como uma traição pelo povo que confiou no partido durante as eleições gerais de outubro de 2024.
Em uma carta aberta dirigida a Forquilha, Mondlane sugere que o partido deveria adiar a posse e continuar mobilizado nas ruas. Segundo ele, o adiamento permitiria pressionar por justiça e defender os interesses populares. Mondlane lembra que, conforme o artigo 177 da Constituição da República, os deputados podem assumir o mandato em qualquer momento dentro da legislatura, sem prejuízo da representação nas comissões parlamentares e outros órgãos da Assembleia.
Mondlane destaca que uma entrada apressada no Parlamento, sem conquistas políticas relevantes, pode enfraquecer o PODEMOS. Como exemplo, citou a experiência da Renamo, cuja presença no Parlamento não garantiu a aprovação de propostas de lei essenciais para o partido.
O ex-candidato presidencial lembra que o PODEMOS foi prejudicado em aproximadamente 90 assentos parlamentares. Apesar de afirmar que não se opõe formalmente à decisão de posse, ele critica a falta de resultados nas reivindicações feitas contra o regime e a escolha de um caminho que considera "cômodo", ignorando os sofrimentos de vítimas da repressão política. Mondlane menciona mais de 400 mortes, 1.000 feridos e 5.000 pessoas detidas e torturadas em unidades policiais e prisões, muitas das quais continuam a sofrer abusos.
Além disso, Mondlane questiona o cumprimento de cláusulas do Acordo Político Coligatório firmado em Manhiça, em 21 de agosto de 2024, e pede esclarecimentos públicos sobre o compromisso firmado, especialmente diante das recentes divergências.
O PODEMOS, segundo Mondlane, deve honrar a luta pelo povo antes de priorizar o conforto parlamentar.
