Luta em Vão ou Semente de Mudança?
Posse de Chapo encerra eleições, mas feridas permanecem.
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| Foto: Luísa Nhantumbo |
O grupo de Daniel Chapo como Presidente da República marcou o fim formal das eleições de 2024 em Moçambique, mas deixou cicatrizes profundas no tecido social e político do país. As declarações de fraude eleitoral lançaram o país numa onda de protestos, com um saldo trágico de mais de 300 mortos, segundo o relatório da plataforma Decide. Agora, surge a questão: os sacrifícios foram inúteis ou representam o início de uma transformação adiada?
Os protestos, liderados pelo candidato Venâncio Mondlane, mobilizaram milhares que defenderam a vitória da oposição. Autoproclamado “presidente eleito pelo povo”, Mondlane foi criticado por sua ausência em momentos decisivos, como as manifestações de 23 e 24 de dezembro. Nuno Dala, deputado e ativista angolano, lamenta o desfecho:
"Sem liderança ativa no auge da revolução, o movimento perdeu força. A verdade eleitoral não emergiu, e vidas foram sacrificadas em vão", avaliou.
Esperança e Desilusão nas Ruas
A percepção dos protestos divide opiniões. Muitas publicações nos resultados:
"Foi tudo em vão. Nada mudou", lamentou um estudante.
"Não foi inútil. Apenas sofremos uma traição dentro do movimento", contrapôs outro morador.
"Esses sacrifícios forçaram o Governo a refletir sobre o futuro do país", comentou um cidadão esperançoso.
Apesar das críticas, vozes como o humorista angolano Gilmário Vemba enxergam um horizonte mais promissor. Para ele, a luta pela democracia nunca é em vão:
"As mudanças são lentas. Mesmo quando parece que nada muda, cada ato de resistência enfraquece o sistema opressor. Moçambique está inspirando toda a África lusófona", declarou.
Desafios Futuros para a Oposição
Com Chapo no poder, a oposição enfrenta o dilema de escolher entre a continuidade dos protestos ou o diálogo político. Segundo Nuno Dala, um plano estratégico é crucial:
"Protestos permanentes ou consenso: essa é a encruzilhada. Um caminho claro é vital para o progresso num país tão dividido."
O académico Elísio Macamo, contudo, alerta para o risco da radicalização:
"O modelo de Mondlane prejudica a oposição. Sem política construtiva, só restará confronto. Isso não fortalece a democracia", disse.
Mondlane, por sua vez, promete apresentar propostas de reforma política ainda esta semana, numa tentativa de reaender a esperança.
A mensagem é clara: a revolução em Moçambique não terminou. Ela evolui, com cada voz e cada ato de resistência contribuindo para moldar o futuro. Gilmário Vemba conclui:
"O povo mostrou seu poder. O caminho é longo, mas a luta pela justiça e pela liberdade nunca é em vão."
