Eleições 2024: Portagens, bancos, veículos e condomínios em chamas em Maputo
Ontem, logo após a proclamação de Daniel Francisco Chapo como o quinto Presidente da República de Moçambique, iniciou-se uma nova série de manifestações, marcada por episódios de violência, incluindo a queima de pneus, destruição de veículos e danos em diversas infraestruturas públicas e privadas.
Em Bobole, no distrito de Marracuene, um ônibus da empresa Entre Rios, usado no transporte de passageiros, foi incendiado. Além disso, um trem de carga transportando lenha e carvão foi saqueado pela população. Em Boane, manifestantes incendiaram um veículo da Polícia da República de Moçambique e saquearam vários estabelecimentos comerciais.
No bairro George Dimitrov, conhecido como Benfica, um balcão do banco BCI foi incendiado, e um depósito pertencente à empresa Handling foi alvo de saque. Também houve registros de incêndio em uma agência do BIM, no bairro 25 de Junho A, e da destruição das portagens de Maputo, administradas pela concessionária sul-africana TRAC, bem como das instalações da REVIMO nas portagens de Matola-Gare e Cumbeza, localizadas na Estrada Circular de Maputo.
No bairro de Inhagoia A, moradores incendiaram o Posto Policial local, a Secretaria do bairro e a sede do partido Frelimo. Além disso, no bairro da Costa do Sol, um condomínio de alto padrão foi invadido. No Maxaquene, populares retiraram pavimentos da estrada, enquanto no bairro da Urbanização, um edifício recentemente construído para o Tribunal Distrital de KaMaxaquene foi incendiado.
Já no bairro do Jardim, a fábrica da Cervejas de Moçambique (CDM) foi invadida e saqueada. Curiosamente, o ocorrido se deu sob a observação de membros das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e da Polícia, que presenciaram parte dos saques.
Um vídeo caseiro, capturado no distrito municipal de KaTembe, ao sul da baía de Maputo, mostra a capital coberta de fumaça negra, resultado da queima de pneus, logo após a divulgação dos vencedores das eleições de 09 de outubro. Vários locais em Maputo tiveram suas avenidas bloqueadas e pneus incendiados.
De acordo com relatos enviados à "Carta", a maioria das ocorrências não registrou confrontos entre a polícia e os manifestantes, devido à contenção das Forças de Defesa e Segurança (FDS) após a divulgação dos resultados. No entanto, na Avenida Joaquim Chissano, ocorreram os primeiros embates entre a polícia e os apoiadores de Venâncio Mondlane. Em 21 de outubro, a polícia antimotim (UIR - Unidade de Intervenção Rápida) foi acionada, resultando no uso de gás lacrimogêneo e disparos de balas reais.
Desse modo, há relatos indicando que, durante a noite, a polícia, disfarçada, esteve buscando alguns manifestantes, realizando buscas casa por casa para eliminar supostos vândalos. Um dos incidentes aconteceu no bairro 25 de Junho.
Vale mencionar que a Área Metropolitana de Grande Maputo, que abrange as cidades de Maputo e Matola, além das localidades de Marracuene e Boane, tem enfrentado um clima de tensão desde as primeiras horas desta segunda-feira. Isso se deve ao bloqueio de estradas, ao fechamento de estabelecimentos e à ausência de transporte público. (Carta)
