Fuga de prisioneiros e boatos de ataques geram pânico
Fuga de prisioneiros e boatos geram pânico em Maputo, criando clima de instabilidade
Na noite seguinte a Natal, a cidade e a província de Maputo viveram momentos de grande tensão, causados por rumores e desinformação, após a fuga de mais de 1.500 prisioneiros da cadeia de segurança máxima. A notícia foi divulgada rapidamente, criando um clima de pânico e insegurança entre os cidadãos.
O comandante-geral da polícia, Bernardino Rafael, teria emitido um alerta sobre possíveis ataques e invasões domiciliárias, o que gerou ainda mais medo. Logo surgiram rumores de que "homens armados com catanas" estariam invadindo residências durante a madrugada.
A cidade, já abalada por manifestações violentas nos últimos meses, experimentou um aumento da tensão com a propagação desses rumores. Mesmo sem confirmação de grupos armados, o medo tomou conta da população, deixando os bairros em estado de pânico.
Aly Caetano, que esteve em Maputo de férias, descreveu a situação como mais aterrorizante do que qualquer experiência vívida em Cabo Delgado, onde os ataques terroristas têm sido frequentes há anos. “Os bairros se tornaram zonas de terror, com tiroteios e compras em massa de armas brancas”, relatou.
Na madrugada em questão, muitos moradores se mobilizaram para patrulhas comunitárias, tentando conter o suposto ataque. Dilermano Quive, um dos participantes, relatou a neutralização de cinco indivíduos, embora os jovens envolvidos não estivessem armados. No dia seguinte, a polícia desmentiu os barcos sobre os ataques, mas não revelou informações sobre as patrulhas.
Aly Caetano suspeita que o pânico tenha sido alimentado para desviar a atenção das manifestações contra os resultados eleitorais, criando um clima de medo para enfraquecer a oposição. “O objetivo parecia ser desacreditar as manifestações e criar desconfiança”, afirmou.
Para o analista político Wilker Dias, a estratégia seria “dividir para reinar”, polarizando a sociedade e direcionando a energia popular para a autodefesa, enquanto tentava restaurar a imagem da polícia como principal defensora da população.
Apesar da melhoria, não houve ataques reais cometidos contra prisioneiros fugidos, e resta saber se essa tática será útil para consolidar o controle político do governo ou aumentar a desconfiança nas instituições do país.
