Fome e desemprego geram preocupação entre os moradores de Maputo

Cidade de Maputo

Fome e desemprego geram preocupação entre os moradores de Maputo


A cidade de Maputo enfrenta uma crescente escassez de produtos alimentares essenciais, resultado da destruição e saque de armazéns e estabelecimentos comerciais durante as manifestações violentas. Nos supermercados e mercearias, tanto nos centros urbanos quanto nas periferias, observam-se longas filas de cidadãos tentando comprar itens como arroz, farinha, óleo e açúcar, que praticamente desapareceram das prateleiras.

"Consigo comprar apenas um saco de farinha e arroz, mas não é suficiente, pois os preços estão altos", afirmou um morador. Outro comentou que tentou comprar açúcar, mas "tudo está caro, e não tem 2.500 meticais (cerca de 50 euros) para gastar".

O economista Egas Daniel aponta que, para muitas pessoas, as compras não são mais apenas para ocasiões especiais, mas para garantir suprimentos diante da perspectiva de fome nos próximos dias. Ele destaca que os mais afetados serão os mais pobres, que dependem de salários mínimos ou do setor informal, este último uma resposta ao desemprego generalizado, especialmente entre os jovens.

Egas Daniel ressalta que, embora os cidadãos com empregos formais continuem a receber seus salários regularmente, a inflação tornará difícil a compra de bens e serviços. Ele alerta que os mais vulneráveis, que já enfrentavam dificuldades com salários baixos, terão ainda mais dificuldades com o aumento dos preços.

O desemprego também é uma preocupação iminente, e o economista sugere que o próximo governo tome medidas para reduzir o impacto das manifestações no setor empresarial. Entre as propostas estão a isenção de impostos e taxas de importação para certos produtos e maquinários. Além disso, ele propõe medidas financeiras para aliviar os empreendedores, como a anulação ou adiamento dos juros de mora sobre empréstimos, visto que muitas empresas não têm condições de pagar suas dívidas devido à falta de produção.

Dados preliminares da Confederação das Associações Económicas (CTA) indicam que mais de 12 mil moçambicanos perderam seus empregos devido aos saques e vandalismos que afetaram os negócios.


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