Adriano Nuvunga responde a Severino Ngoenha
A Fragilidade de Moçambique: Reflexão entre Resiliência e Transformação
Professor Ngoenha, suas colocações são profundamente sábias e provocam uma necessária reflexão. Contudo, surge a pergunta: até que ponto o apelo à moderação nos protege de uma realidade marcada pela imposição de sistemas injustos, que geram violência e destruição sem que isso seja escolha das pessoas?
Reconheço que Moçambique é valioso e delicado como um ovo. No entanto, essa fragilidade não deve servir como argumento para que quem sofre seja obrigado a abdicar de suas ideias, princípios e dignidade diariamente. Precisamos construir um futuro melhor sem abandonar aquilo que nos define como humanos: a resistência à opressão, a coragem de defender o que é justo e a recusa em aceitar a injustiça como algo inevitável.
É igualmente importante questionarmos: quem realmente se beneficia da situação atual? Não são os cidadãos comuns que destroem o país, mas os corruptos e poderosos que exploram os recursos, enfraquecem a justiça e deixam a maioria da população à margem, sofrendo. Pedir que todos assumam o peso de salvar Moçambique desconsidera as desigualdades estruturais e as divisões que essas injustiças criaram.
Quando o povo se ergue, isso não ocorre por vontade de gerar destruição, mas como resultado do desespero diante da opressão e da esperança de que sua voz seja ouvida. A história demonstra que grandes transformações, muitas vezes, são fruto de ações diretas e de enfrentamentos contra sistemas que resistem às mudanças pacíficas.
Assim, Professor, se queremos evitar que Moçambique "caia e se parta", é essencial sermos objetivos:
- Não é o povo que destrói Moçambique, mas sim a corrupção, a má gestão e a ausência de justiça.
- Pedir que o povo seja ponderado não pode significar aceitar a opressão ou conviver com estruturas violentas que perpetuam o sofrimento.
- Integridade real está em desafiar o poder com a verdade e exigir transformações que devolvam o país às mãos de quem nele vive, trabalha e sonha.
Eu também acredito na capacidade do nosso povo. No entanto, essa grandeza precisa ser traduzida em ações corajosas e transformadoras, e não apenas em uma paciência silenciosa.
Desejo um excelente domingo, Professor, e que possamos, juntos, construir um Moçambique mais justo, digno e próspero, verdadeiramente para todos!
