Greve "Jamais Vista" na Saúde Pode Paralisar Moçambique
Profissionais de Saúde Alertam para Greve de Grande Impacto em Moçambique
A Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM) anunciou que realizará, nesta segunda-feira (10), uma conferência de imprensa para comunicar a retomada da greve nacional. A decisão surge após meses de negociações frustradas com o governo, que, segundo a entidade, não cumpriu os compromissos assumidos desde junho de 2023.
Anselmo Muchave, presidente da APSUSM, afirmou que as autoridades, incluindo o Ministério da Saúde e a Primeira-Ministra, já foram notificadas sobre a possibilidade da paralisação. O aviso foi oficializado em um documento datado de 6 de março, no qual a associação reafirma sua insatisfação com a falta de avanços nas reivindicações da classe.
A última greve da categoria ocorreu em 29 de abril de 2024, com o intuito de pressionar o governo a cumprir os acordos firmados em 2023. A paralisação foi temporariamente suspensa para permitir que as questões fossem resolvidas, mas os profissionais alegam que a situação no sistema de saúde piorou ainda mais.
Falta de Condições e Promessas Não Cumpridas
De acordo com Anselmo Muchave, apesar dos compromissos do governo em melhorar as unidades de saúde, o cenário continua crítico. Os trabalhadores enfrentam a escassez de materiais médicos, infraestrutura precária e falta de medicamentos, comprometendo a qualidade do atendimento à população.
"É alarmante que, após dois anos de diálogo, as dificuldades enfrentadas pelos profissionais de saúde e pelos pacientes continuem sem solução. Faltam condições básicas para o exercício da profissão, e os pacientes seguem sem acesso a tratamentos essenciais", denunciou o líder da APSUSM.
A associação também criticou a desigualdade no tratamento dos profissionais de saúde em comparação com outras categorias do setor público, como as forças de segurança, e afirmou que essa disparidade precisa ser corrigida.
Reivindicações da Classe
Entre as principais exigências da APSUSM estão:
- Reequipamento dos blocos operatórios, conforme acordado para junho de 2023;
- Melhoria da infraestrutura hospitalar e fornecimento de materiais cirúrgicos;
- Garantia de exames essenciais, como Raio-X, sem custos adicionais para os pacientes;
- Reenquadramento de auxiliares e motoristas em um regime que reconheça suas funções;
- Distribuição adequada de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para todos os profissionais.
Muchave lamentou que as demandas discutidas durante o governo de Filipe Nyusi não tenham sido incorporadas no Plano de Cem Dias da atual administração, liderada por Daniel Chapo.
A APSUSM reafirmou seu compromisso com a melhoria das condições de trabalho dos profissionais de saúde e da qualidade dos serviços prestados à população. Caso o governo não atenda às reivindicações, a entidade promete uma paralisação sem precedentes no país, com impactos significativos para o setor da saúde.
