Quem teme o diálogo? A ausência de Venâncio Mondlane no acordo político

Acordo Político em Moçambique: Exclusão de Venâncio Mondlane Gera Controvérsias

Quem teme o diálogo? A ausência de Venâncio Mondlane no acordo político

O governo moçambicano assina nesta quarta-feira (05/03), em Maputo, um acordo político com os partidos representados no Parlamento, nas assembleias provinciais e municipais, visando encerrar a crise pós-eleitoral. No entanto, um nome de peso ficou de fora do processo: Venâncio Mondlane.

Mondlane, ex-candidato presidencial e figura central das manifestações que têm ocorrido no país, não foi convidado para as negociações que levaram ao acordo, nem para a cerimônia de assinatura, considerada pública.

Dinis Tivane, assessor de Mondlane, afirmou à DW que a exclusão não surpreende, mas reforça a tentativa de afastá-lo do diálogo. Segundo ele, Mondlane já havia submetido os seus termos de referência para a discussão, mas não obteve resposta. “Ou já conhecem nossas reivindicações e estão negociando com base nelas, ou simplesmente não querem nossa participação para evitar pressão”, declarou Tivane.

O assessor também destacou que Mondlane tentou, sem sucesso, estabelecer contato com a Presidência da República. “Enviamos várias cartas e alertamos sobre a falta de legitimidade de Albino Forquilha no processo. Desde que Mondlane chegou a Maputo, em janeiro, sempre se mostrou aberto ao diálogo, mas nunca houve retorno”, afirmou.

Questionado sobre a possibilidade de a Presidência evitar um “one man show” ao excluir Mondlane, Tivane rebateu, alegando que os participantes atuais não representam instituições ou órgãos do Estado. Para ele, apenas Venâncio Mondlane e Daniel Chapo seriam figuras legítimas para o diálogo, por representarem setores significativos da população.

O assessor também enfatizou que Mondlane propôs um processo inclusivo, envolvendo líderes religiosos, ONGs, acadêmicos e empresários. No entanto, na visão dele, a FRELIMO evita debater com figuras de forte convicção, preferindo interlocutores mais flexíveis.

A exclusão de Mondlane do acordo levanta questionamentos sobre a real abrangência do diálogo e sua capacidade de resolver a crise política que se arrasta desde as eleições.
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