Ministro sul-africano ameaça suspender exportações de minerais para os EUA em resposta a possível corte de financiamento
O Ministro dos Recursos Minerais e Energia da África do Sul, Gwede Mantashe, declarou que o país pode interromper o fornecimento de recursos naturais aos Estados Unidos caso Washington suspenda o apoio financeiro à nação africana.
“Se nos privarem do financiamento, deixaremos de enviar nossos minerais. A África do Sul não aceitará imposições que comprometam a sua soberania e desenvolvimento econômico”, afirmou Mantashe em coletiva de imprensa nesta terça-feira.
A ocorrência do ministro ocorre após declarações do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que sugeriu suspender a assistência financeira à África do Sul devido às discussões sobre expropriação de terras agrícolas. Trump afirmou que o país estaria promovendo a apropriação indevida de propriedades e tratando certos grupos de forma desigual.
O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, respondeu por meio da rede social X, esclarecendo que a nova Lei da Expropriação não tem caráter confiscatório, mas segue princípios legais e constitucionais.
"O processo de expropriação ocorre dentro de normas transparentes, garantindo a distribuição justa de terras. O governo sul-africano respeita os direitos de todos os proprietários e não realizou qualquer desapropriação restrita", afirmou Ramaphosa.
A reforma agrária é um tema de grande debate na África do Sul, especialmente devido ao fato de que, de acordo com um estudo de 2017 publicado pela City Press, cerca de 75% das terras agrícolas ainda eram sob a minoria branca, apesar das políticas de redistribuição atribuída pelo governo.
A tensão entre os dois países cresce à medida que os EUA avaliam possíveis revisões nos acordos comerciais com a África do Sul. No entanto, Ramaphosa reforçou que os Estados Unidos seguem como um parceiro estratégico e que está aberto ao diálogo para resolver as divergências.
“Esperamos conversas construtivas com o governo dos EUA para esclarecer nossa política agrária e fortalecer a cooperação bilateral”, concluiu o presidente sul-africano.
A nova Lei de Expropriação, sancionada por Ramaphosa em 23 de janeiro, permite ao governo adquirir terras de interesse público mediante pagamentos justos, modificando a legislação anterior, vigente desde 1975. O texto prevê que qualquer disputa sobre desapropriação seja resolvida por meio de mediação ou mediação via judicial, garantindo a segurança jurídica do processo.
