Dias Coutinho apoia Venâncio Mondlane na defesa de novos reconhecimentos
Debate sobre heróis nacionais
Durante as celebrações do Dia dos Heróis Moçambicanos, em 3 de fevereiro, o escritor e deputado Dias Coutinho, do partido PODEMOS, lamentou a baixa participação do público na Praça dos Heróis, interpretando isso como um reflexo da insatisfação dos cidadãos com a realidade atual do país.
Coutinho endossa as recentes declarações de Venâncio Mondlane, ex-candidato presidencial, que defende uma revisão da lista de heróis nacionais para incluir figuras além dos combatentes da luta de libertação. Mondlane propõe ainda que os dados da distribuição sejam divididos para 18 de março, em vez do atual 3 de fevereiro.
"Concordo com ele, pois se analisarmos a nossa história, perceberemos que nomes como André Matsangaíssa e Lázaro Kavandame deveriam ser reconhecidos, mas não são. A primeira mulher intelectual do país, Joana Simeão, também foi esquecida, assim como Urias Simango e Afonso Dhlakama . Há ainda heróis em outras áreas, como Siba Siba Macuácua, Dinis Silica na justiça, Carlos Cardoso no jornalismo e Mahamudo Amurane, que foi. assassinado em Nampula. Precisamos de um esforço conjunto do governo e do Conselho de Ministros para incluir essas figuras no reconhecimento oficial", afirmou Dias Coutinho.
Divergências sobre a definição de heróis nacionais
Por outro lado, Agripino Nlima, membro da Associação Nacional dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional, argumenta que a designação de heróis não é uma decisão individual, mas cabe a órgãos específicos do Estado.
"Existe uma instituição responsável por essa atribuição. Não cabe a uma única pessoa determinar quem deve ser herói. Se esta proposta for submetida às entidades competentes e considerada válida, então pode ser provada, mas deve seguir os trâmites legais", explicou Nlima.
A discussão sobre a revisão da lista de heróis nacionais também encontra eco entre cidadãos de Nampula. Para Cardoso Taucuaricua, é necessário reformular a legislação vigente para incluir figuras que ocorrem no anonimato, mas que se desenvolvem significativamente para o país.
“Temos heróis que não foram reconhecidos, como Afonso Dhlakama e outros. É preciso considerar a luta pelo equilíbrio político que Moçambique vive atualmente”, destacou.
Flávio Rosário, outro cidadão entrevistado, defende que o conceito de heroísmo deve ser ampliado.
"O erro é pensar que os heróis são apenas aqueles que lutaram contra o colonialismo. Há desafios atuais enfrentados por pessoas quentes, que lutam pelos direitos humanos e pela justiça social. O governo deve criar uma nova lei que reconheça esses novos heróis", afirmou.
Um dos exemplos citados foi o músico falecido Edson da Luz, conhecido como Azagaia, cuja influência na sociedade moçambicana tem sido extremamente reconhecida.
"A ideia de novos heróis é válida. Precisamos construir um país democrático e unido. O heroísmo não deve ser restrito à luta contra o colonialismo, mas sim à defesa do bem-estar do povo", acrescentou Apolinário Portugal.
Já Américo João reforça que o conceito de heroísmo vai além da guerra:
"Ser herói não significa apenas pegar em armas e lutar. Os dados dos heróis devem ser mantidos, mas é fundamental considerar novas figuras que continuarão a contribuir para o desenvolvimento e justiça em Moçambique".
