Podemos se diz surpreendido com declarações de assessor de Mondlane

Podemos se dizer surpreendido com declarações do assessor de Mondlane


O partido Podemos, de Moçambique, reagiu com surpresa às declarações de Dinis Tivane, assessor do candidato presidencial Venâncio Mondlane, que classificou como "traição" a possibilidade de o partido tomar posse dos assentos conquistados nas últimas eleições gerais. Tivane, em vídeo divulgado nas redes sociais, criticou a liberdade dos 43 lugares atribuídos pelo Conselho Constitucional (CC) em vez dos 138 que o partido afirma ter conquistado com base numa contagem paralela. Ele defendeu a exclusão dos resultados proclamados pelo CC.

“O partido Podemos não se revisa neste posicionamento”, afirmou Duclésio Chico, porta-voz do partido, em factos às declarações. Segundo Chico, Tivane faz parte de uma comissão técnica envolvida ambas as partes — o Podemos e o candidato Mondlane — como parte de um acordo político previsto antes das eleições. Ele garantiu que o Podemos continua apoiando Mondlane e negou qualquer distanciamento: "O partido Podemos ainda está com o candidato Venâncio Mondlane", reforçando que os contatos entre o presidente do partido, Albino Forquilha, e Mondlane são regulares.

Sobre a tomada de posse dos deputados, o porta-voz informou que o partido está em consultas com a população para decidir os próximos passos e prometeu um anúncio público em breve: "Estamos em diversas reuniões e encontros para avaliar a opinião da população. Na na próxima semana daremos uma posição definitiva", declarou Chico.

Dinis Tivane sustenta que o partido não perderá os seus mandatos caso opte por não participar na conferência de investidura simbólica marcada para 13 de janeiro. Ele argumenta que aceita os resultados oficiais, enquanto milhares de cidadãos estão nas ruas contestando o processo eleitoral, seria um desrespeito à luta popular pela verdade eleitoral. Tivane reiterou que o Podemos foi politicamente fortalecido pelo apoio a Mondlane e que a eliminação dos resultados é consistente com o compromisso firmado.

O Podemos, fundado em 2019 por dissidentes da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), emergiu como a maior força de oposição no Parlamento, superando a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo). Segundo os resultados oficiais, a FRELIMO manteve 171 assentos dos 250 disponíveis, enquanto a Renamo caiu de 60 para 28 lugares.

Nas eleições presidenciais, Daniel Chapo, apoiado pela FRELIMO, foi declarado vencedor com 65,17% dos votos, mas Mondlane, que obteve oficialmente 24%, contesta os resultados e se autoproclama vencedor. Desde então, protestos violentos tomam conta do país, com barricadas, saques e confrontos com a polícia. Grupos pró-Mondlane desativaram a "reposição da verdade eleitoral". De acordo com organizações da sociedade civil, os confrontos já resultaram em cerca de 300 mortos e mais de 500 feridos por disparos das forças de segurança.

A crise político-eleitoral agrava a tensão no país, e a expectativa cresce com a aproximação dos dados de investidura, enquanto as posições de Mondlane e seus aliados continuam desafiando as autoridades eleitorais.
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