Moradores de Namicopo pedem desculpas pela destruição do centro de saúde local

Moradores de Namicopo pedem desculpas pela destruição do centro de saúde local

O mês de dezembro de 2024 marcou a memória da cidade de Nampula, especialmente dos moradores do bairro Namicopo, devido aos atos de vandalismo que ocorreram durante manifestações relacionadas ao descontentamento com os resultados das eleições gerais. Convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, os protestos culminaram na destruição de diversas infraestruturas públicas e privadas.

Entre os alvos dos manifestantes estava o Centro de Saúde de Namicopo. Embora não tenha sido incendiado, o local foi saqueado e permanece em estado de abandono. Equipamentos médicos, medicamentos, camas e outros materiais foram roubados. Processos clínicos, essenciais para o acompanhamento dos pacientes, foram destruídos ou descartados, prejudicando gravemente a continuidade dos tratamentos.

Moradores do bairro lamentam os acontecimentos e pedem desculpas pelos atos de vandalismo, embora neguem envolvimento direto. Assia Faquira, residente local, destacou que "não foi toda a população que participou, mas os danos afetaram a todos". Já Rabia Pedro condenou a destruição de um espaço essencial para a comunidade, afirmando que "um hospital beneficia todos e não deveria ser alvo de destruição".

Com o centro de saúde de Namicopo inoperante, outras unidades, como o Centro de Saúde 1º de Maio, enfrentam um aumento significativo na demanda. Antes, atendendo cerca de 14 mil pacientes por mês, o número agora ultrapassa os 20 mil, sobrecarregando profissionais e recursos. O diretor adjunto, Octávio Lavieque, destacou os desafios enfrentados: "Acolhemos todos os pacientes como nossos e buscamos alternativas para manter os tratamentos em andamento".

Enquanto isso, as autoridades afirmam que a reabertura do centro de saúde depende de garantias de segurança. Manuel Eduardo, diretor dos Serviços Distritais de Saúde, Mulher e Ação Social, explicou que os profissionais foram realocados provisoriamente para outras unidades e que o retorno às atividades em Namicopo só será possível após condições adequadas serem estabelecidas.

A destruição de centros de saúde, como em Namicopo, reflete uma onda de protestos pós-eleitorais que afetou gravemente o setor da saúde em Moçambique. Em Nampula, pelo menos 16 unidades sanitárias foram vandalizadas, enquanto em todo o país mais de 1.800 centros de saúde sofreram impactos, de acordo com dados da Sociedade Civil para Saúde.

Os moradores de Namicopo, agora privados de serviços básicos de saúde, clamam por uma segunda chance e apelam ao governo para a reabilitação do centro. "Pedimos ao governo que não nos abandone e nos ajude a reconstruir o que perdemos", suplicou uma idosa da comunidade.
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