A Posse Sangrenta: Protestos e Mortes Marcam Início do Mandato de Chapo

A plataforma Decide relatou, nesta segunda-feira, a morte de pelo menos oito pessoas durante manifestações em Moçambique. Três vítimas foram registradas na província de Maputo, duas na cidade de Maputo e três na província de Nampula. Desde as eleições gerais de outubro, marcadas por forte contestação, mais de 300 pessoas perderam a vida em protestos pós-eleitorais, de acordo com a mesma organização.

A oposição e a sociedade civil não reconhecem a vitória de Daniel Chapo na corrida presidencial. Em entrevista à DW, Wilker Dias, diretor da Decide, alertou que a violência no país pode ser contida com a abertura ao diálogo. Ele defendeu a participação de Venâncio Mondlane nas negociações como uma medida fundamental para a estabilidade política. Dias destacou ainda a responsabilidade do partido FRELIMO em adotar estratégias para amenizar a crise, alertando que o novo governo corre o risco de enfrentar instabilidade contínua.

Quando questionado sobre a persistência da repressão policial, Dias apontou falhas nos protocolos policiais como causa principal, além da falta de iniciativas efetivas para acalmar os ânimos da população. Segundo ele, o governo de Chapo precisa urgentemente de um caminho de diálogo para evitar mais confrontos e governar com tranquilidade.

"Se o diálogo não for priorizado, estaremos diante de uma bomba-relógio prestes a explodir", afirmou o diretor, referindo-se à pressão popular que pode levar a novos episódios de protesto.

Sobre o papel de Venâncio Mondlane, Dias reiterou que a tomada de posse de Chapo não encerra as disputas eleitorais. "Há processos em curso no cenário internacional, e os cidadãos moçambicanos ainda demonstram resistência em aceitar os resultados."

Ele reforçou que a principal demanda da sociedade civil é a garantia dos direitos humanos e o respeito pelas normas democráticas, reiterando que a luta por justiça e respeito à vontade popular continua.