Venâncio Mondlane expõe ameaças e perseguição política
Venâncio Mondlane e Albano Carige Denunciam Ameaças e Repressão em Moçambique
Venâncio Mondlane, candidato presidencial nas eleições de 9 de outubro e uma das vozes mais proeminentes da oposição moçambicana, denunciou, por meio das redes sociais, perseguições políticas, ameaças de morte e repressão estatal. Em sua publicação intitulada "O Meu Testamento", Mondlane descreveu o que considera quase cinco décadas de "terrorismo de Estado" e violência política em Moçambique.
Mondlane afirmou viver em clandestinidade devido a mandados internacionais de captura e bloqueios de bens. "Vivo cruzando fronteiras, em constante perigo, com um mandado internacional de busca e captura sobre a minha cabeça", escreveu. Apesar das dificuldades pessoais, destacou que estas são pequenas em comparação com as vítimas de violência estatal.
A publicação mencionou casos de vítimas como Augusto Tausene Cumbana Júnior, um jovem de 13 anos baleado pela Unidade de Intervenção Rápida (UIR), e Fábio, atingido por seis tiros enquanto tocava panelas em sua casa. Também citou Celeste, uma mulher grávida com uma bala alojada no corpo, e Reginaldo Félix Macie, de 15 anos, morto durante um funeral.
Mondlane também revelou estar sob pressão de figuras influentes que o incentivam a silenciar as denúncias em troca de privilégios. "Pessoas poderosas me aconselham a aceitar os danos que serão causados pelos explosivos verbais da Professora Lúcia no dia 23 de dezembro", afirmou.
Albano Carige, edil da Beira e aliado político de Mondlane, reforçou as denúncias. Em outra publicação, Carige revelou que existe um plano para assassiná-lo, envolvendo membros da polícia e figuras ligadas ao partido no poder, a FRELIMO.
Os dois políticos fizeram apelos à luta pela verdade eleitoral e pela liberdade em Moçambique. Mondlane concluiu com um grito de resistência: "Este país é nosso. Salve Moçambique!"
As denúncias ocorrem em meio a um aumento de tensões políticas e repressão contra manifestações populares, além de acusações de irregularidades nas eleições recentes. De acordo com a Plataforma Eleitoral Decide, pelo menos 130 pessoas morreram em protestos pós-eleitorais desde 21 de outubro, com 385 baleadas.
Os resultados das eleições gerais de 9 de outubro, que deram vitória ao candidato Daniel Chapo, da FRELIMO, com 70,67% dos votos, aguardam validação pelo Conselho Constitucional. A decisão é esperada para 23 de dezembro e será determinante para o futuro político de Moçambique.
