Montenegro pede "diálogo" para estabilizar Moçambique politicamente

O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, expressou hoje a preocupação do governo com a crise política e social em Moçambique, desencadeada pela contestação aos resultados das eleições presidenciais. Ele pediu um diálogo entre as partes envolvidas como forma de promover estabilidade no país.

"Em nome do Governo português, manifesto o desejo de que Moçambique alcance rapidamente uma estabilização política de maneira pacífica", afirmou Montenegro durante um debate no Parlamento, em preparação para o Conselho Europeu dos dias 19 e 20 de dezembro.

O primeiro-ministro destacou a necessidade de diálogo entre todas as partes para devolver ao povo moçambicano a esperança abalada pela crise. No mesmo debate, Bernardo Blanco, do partido Iniciativa Liberal, sugeriu que a situação em Moçambique fosse levada ao Conselho Europeu, argumentando que a União Europeia poderia exercer influência positiva no caso.

Desde o anúncio dos resultados eleitorais pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), em 24 de outubro, com a vitória de Daniel Chapo para a presidência e do partido Frelimo no parlamento, protestos têm ocorrido em todo o país. O candidato opositor Venâncio Mondlane, que oficialmente ficou em segundo lugar com 20,32% dos votos, rejeitou os resultados. A validação final ainda será feita pelo Conselho Constitucional até o fim do ano.

Os protestos, que já causaram mais de 110 mortes e deixaram cerca de 300 feridos desde 21 de outubro, tornaram-se um cenário de confrontos violentos entre a polícia e manifestantes. Na terça-feira, a ONG Plataforma Eleitoral Decide atualizou o número de vítimas. Uma nova onda de manifestações, liderada por Mondlane, foi encerrada hoje, após começar em 4 de dezembro.