Moçambique viveu um “Natal de cadáveres” em meio a manifestações violentas
O Natal, tradicionalmente marcado pelo simbolismo do nascimento e renovação, transformou-se em Moçambique em um cenário de violência e morte. Nos últimos dois dias, o país viveu um “festival de cadáveres”, com bolsas de mortes atribuídas a confrontos envolvendo a Polícia da República de Moçambique (PRM) durante manifestações contra os resultados eleitorais de 2024.
Conflitos resultam em dezenas de mortes
De acordo com informações oficiais, mais de 20 pessoas perderam a vida em diversas regiões do país. O Ministro do Interior, Pascoal Ronda, relatou em coletiva de imprensa que 25 pessoas ficaram feridas, entre elas 13 civis e 12 agentes da polícia. Contudo, números extraoficiais indicam que apenas na cidade de Nampula, mais de 30 óbitos foram registrados nas últimas 48 horas.
Entre os danos materiais, 25 veículos foram incendiados, incluindo dois da polícia, além de 11 subunidades policiais atacadas, um estabelecimento penitenciário vandalizado com a fuga de 86 reclusos, e quatro portagens e três unidades de saúde destruídas.
Sistema de saúde sob pressão em Nampula
O Hospital Central de Nampula (HCN), principal unidade sanitária da região norte, enfrenta dificuldades para atender a alta demanda de feridos. Fontes indicam que os serviços de urgência estão sobrecarregados, enquanto corpos permanecem em vias públicas, como na Estrada Nacional nº 1, nas imediações do Clube 5.
Manifestações como ameaça à democracia
O Ministro do Interior classificou os atos como uma afronta à democracia e à segurança nacional. Pascoal Ronda destacou que as manifestações violentas ameaçam a paz e soberania do país. Ele apelou para que líderes políticos e religiosos atuem na restauração da harmonia social, afirmando que “ninguém deve destruir o país para alcançar objetivos políticos”.
Suspeita de terrorismo em meio à crise
Ronda também levantou a possibilidade de envolvimento de grupos terroristas, como os que operam em Cabo Delgado desde 2017. Segundo ele, ataques coordenados contra instituições públicas têm características semelhantes às ações de terrorismo urbano.
Ações do governo para restaurar a ordem
O governo moçambicano anunciou que as Forças de Defesa e Segurança intensificarão ações para proteger vidas humanas, infraestruturas e restabelecer a ordem pública. Além disso, investigações estão em curso para identificar os responsáveis pelos atos de vandalismo, incluindo possíveis líderes intelectuais por trás da organização dos protestos.
